quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Doenças Autoimunes: O que são?

O sistema imunológico é uma rede de células, tecidos e órgãos que trabalham juntos para defender o organismo contra os ataques de invasores. Estes invasores são principalmente bactérias, vírus, parasitas e fungos, quando estes microrganismos penetram em nosso corpo, um exército de glóbulos brancos detecta a presença de “inimigos” e lutam evitando que estes colonizem causando infecções. Os corpos estranhos que penetram no organismo e desencadeiam uma resposta imunológica recebem o nome de antígenos.
A chave para um sistema imunitário saudável é sua notável capacidade de distinguir entre as células do próprio corpo e corpos estranhos. Em situações anormais, o sistema imune pode confundir ou não distinguir o que é próprio do corpo e o que não é, daí o resultado é uma resposta imunológica que ataca e destrói as células normais do corpo também. O resultado é chamado de doença autoimune.
Anticorpos atacando o próprio tecido do corpo
Existem mais de 80 tipos de doenças autoimunes, e algumas apresentam sintomas semelhantes. Isso torna difícil para o médico detectar com precisão se a pessoa realmente sofre de uma dessas doenças, e em caso afirmativo, qual. Obter um diagnóstico pode ser frustrante e estressante para muitos portadores. Muitas vezes, os primeiros sintomas são fadiga, dores musculares e febre baixa, o sinal clássico de uma doença autoimune é a inflamação, o que pode causar vermelhidão, calor, dor e inchaço.
As doenças autoimunes são conhecidas por apresentarem ciclos, em alguns momentos a doença fica ativada e a pessoa tem as crises e em outros, ela entra em remissão, daí os sintomas melhoram ou desaparecem. O tratamento depende da doença, mas, na maioria dos casos, um objetivo importante é o de reduzir a inflamação. Às vezes os médicos prescrevem corticosteroides ou outras drogas que reduzem a resposta imune.
Exemplos de doenças autoimunes incluem:
Artrite reumatoide – É uma doença inflamatória crônica autoimune que afeta várias articulações (mãos, punhos, joelho, cotovelo, coluna), causando inflamação, inchaço e dores. Se não for tratada, a artrite reumatoide provoca gradualmente danos permanentes nas articulações. Os tratamentos para a artrite reumatoide podem incluir vários medicamentos orais ou injetáveis ​​que reduzem a atividade do sistema imunológico. Ocorre em cerca de 1% da população, ou seja, uma em cada 100 pessoas pode ter a doença.
Lúpus eritematoso sistêmico (LES) – Pessoas com lúpus desenvolvem auto anticorpos, ou seja, anticorpos que atacam o próprio corpo. As articulações, pulmões, células do sangue, nervos e rins são comumente afetados pela doença. O tratamento geralmente requer prednisona oral diária, um esteroide que reduz a função do sistema imunológico. Não se sabe ao certo os mecanismos que fazem com que o corpo começa a produzir esses auto anticorpos. Os estudos sugerem uma associação com fatores genéticos, pois, a doença é mais comum quando há história familiar positiva, e fatores ambientais, como o estresse. A doença é nove vezes mais comum em mulheres do que homens e ocorre em todas as idades, sendo mais prevalente entre 20 e 40 anos.
Doença inflamatória do intestino (DII) – O sistema imunológico ataca o revestimento do intestino, causando episódios de diarreia, sangramento retal, dor abdominal, febre e perda de peso. A colite ulcerativa e a doença de Crohn são duas formas principais de DII. Medicamentos imunossupressores e injetados por via oral auxiliam no tratamento da DII.
Esclerose múltipla – O sistema imunológico ataca as células nervosas, causando sintomas que incluem dor, cegueira, fraqueza, falta de coordenação e espasmos musculares. Vários medicamentos que suprimem o sistema imunitário podem ser utilizados para tratar a esclerose múltipla.
Síndrome de Guillain-Barre - O sistema imunológico ataca os nervos que controlam os músculos nas pernas e às vezes os braços e parte superior do corpo. O indivíduo produz auto anticorpos contra sua própria mielina. Então os nervos acometidos não podem transmitir os sinais que vêm do sistema nervoso central com eficiência, levando a uma perda da habilidade de grupos musculares de responderem aos comandos cerebrais. O cérebro também recebe menos sinais sensitivos do corpo, resultando em inabilidade para sentir o contato com a pele, dor ou calor. Filtrando o sangue com um procedimento chamado plasmaférese (método no qual todo o sangue é removido do corpo e as células do sangue são separadas do plasma ou parte líquida do sangue, e então, as células do sangue são infundidas no paciente sem o plasma, o que o corpo rapidamente repõe) é o principal tratamento para a síndrome de Guillain-Barre.
Psoríase – é uma doença de pele crônica e não contagiosa que pode atacar as mucosas, unhas e até as articulações. Atinge homens e mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos. A psoríase pode ser transmitida para as próximas gerações de uma família, pois a genética influencia em 30% dos casosAlém da predisposição genética, outros fatores podem desencadear ou agravar a doença como estresse, exposição ao frio, irritações na pele, infecção de garganta e ingestão de bebidas alcóolica. A doença apresenta lesões avermelhadas e que descamam a pele, formam placas que geralmente acometem o couro cabeludo, cotovelo e joelhos mas pode atingir qualquer parte do corpo.
Tireoidite de Hashimoto – Os anticorpos produzidos pelo sistema imunitário atacam a glândula tireóide e lentamente destroem as células que produzem o hormônio da tireóide. Os sintomas incluem fadiga, constipação, ganho de peso, depressão, pele seca, e sensibilidade ao frio. Tomando um comprimido de hormônio tireoidiano sintético oral diária restaura as funções normais do corpo.
Vitiligo - caracteriza-se pela diminuição ou falta de melanina (pigmento que dá cor à pele) em certas áreas do corpo, gerando manchas brancas nos locais afetados. As lesões, que podem ser isoladas ou espalhar-se pelo corpo, atingem principalmente os genitais, cotovelos, joelhos, face, extremidades dos membros inferiores e superiores (mãos e pés). O vitiligo incide em 1% a 2% da população mundial. Fatores como estresse físico e emocional são fatores no desencadeamento da doença.

Se você está vivendo com uma doença autoimune, há coisas que você pode fazer cada dia para se sentir melhor:
  • Alimente-se de maneira saudável e faça refeições equilibradas. Inclua frutas e vegetais, grãos integrais, carnes magras. Controle a quantidade de sal, açúcar e gorduras trans;
  • Faça uma atividade física regularmente. Mas tenha cuidado para não exagerar. Converse com o seu médico sobre quais os tipos de atividades você pode fazer;
  • Descanse bastante. Dormir é uma grande maneira que você pode ajudar tanto o seu corpo e a mente;
  • Reduza o estresse. Estresse e ansiedade podem desencadear os sintomas e ativar algumas doenças autoimunes;
  • Participe de um grupo de apoio ou procure um psicólogo também pode ajudá-lo a gerenciar o estresse e lidar com sua doença;
  • Procure ocupar a mente, faça artesanatos, trabalhe, as doenças autoimunes não impossibilitam a pessoa de viver.