quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Resistência antimicrobiana

Antes do desenvolvimento de antimicrobianos as pessoas viviam à mercê de infecções e estavam fadadas a morrerem prematuramente. As grandes epidemias ao longo dos séculos geravam medo e pavor à população, uma vez que não havia como combater tais infecções, algumas bastante significantes como a varíola, tifo, peste, cólera e a gripe espanhola. O desenvolvimento da penicilina por Alexander Fleming em 1928 deu início a era dos antibióticos e foi reconhecida como um dos maiores avanços na medicina terapêutica. Em seguida incluiu-se as descobertas da estreptomicina, tetraciclina, quinolonas, antifúngicos, antiparasitários e, mais recentemente os antivirais. Estas drogas, coletivamente conhecidas como antimicrobianos, salvaram a vida de milhões, reduziram os agouros das enfermidades infecciosas e permitiram o desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos complexos, previamente considerados muito perigosos, devido ao risco de infecção no pós-operatório.
As vantagens da administração de antimicrobianos foram muitas, mas o que os médicos não contavam era que microrganismos pudessem se tornar resistentes à tais drogas.
Micróbios estão em constante evolução o que lhes permitem adaptar-se de forma eficiente a novos e diversos ambientes. A resistência antimicrobiana é a capacidade dos micróbios de crescerem na presença de um produto químico (ex: um antibiótico) que normalmente iria matá-los ou limitar o seu crescimento.

A resistência antimicrobiana torna mais difícil de eliminar infecções, como resultado, algumas doenças infecciosas são agora mais difíceis de serem tratadas. À medida que mais micróbios se tornam resistentes aos antimicrobianos, o nível de proteção desses medicamentos é reduzida. O uso excessivo e incorreto de medicamentos antibióticos estão entre os fatores que contribuíram para o desenvolvimento de micróbios resistentes aos medicamentos.
Todas as classes de microrganismos desenvolvem resistência: fungos - resistência antifúngica, vírus - resistência antiviral, protozoários - resistência antiprotozoários e bactérias - a resistência aos antibióticos. Micróbios que são resistentes a múltiplos antimicrobianos são denominados Multidrogas Resistentes (MDR) (conhecidos como superbactérias). A resistência antimicrobiana é um problema crescente no mundo, e provoca milhões de mortes a cada ano.
Qualquer utilização de antibióticos pode aumentar a pressão seletiva numa população de bactérias, promovendo bactérias resistentes e matando as mais vulneráveis, como observado na figura abaixo.
Os genes de resistência aos antibióticos surgem por mutação. Bactérias resistentes à drogas se multiplicam e proliferam.
Antibiótico só deve ser usado quando necessário e apenas quando prescrito. Os profissionais de saúde devem tentar minimizar a propagação de infecções resistentes utilizando técnicas de antisépticas adequadas, incluindo a lavagem das mãos ou desinfecção entre cada paciente.  
Os tipos comuns de bactérias resistentes incluem: Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA); S. aureus resistente à vancomicina (VRSA), beta-lactamase de espectro estendido (ESBL), o Enterococcus resistente à vancomicina (ERV), entre outros.
A resistência aos antibióticos é um problema global grave e crescente: um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em abril de 2014 um comunicado: "esta grave ameaça já não é uma previsão para o futuro, está acontecendo agora em todas as regiões do mundo e tem potencial para afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer país’
A resistência aos antibióticos não está devidamente mapeado em todo o mundo, mas os países que são mais afetados são, sem dúvida, os países mais pobres com fracos e debilitados sistemas de saúde.