Os
seres humanos transformam os ambientes marinhos afetando os organismos e o
ecossistema em muitas maneiras. O mar é considerado como um local conveniente de
despejo e vários poluentes são liberados no meio marinho através de emissários
domésticos/industriais. Um dos graves problemas de poluição aquática, são os
despejos de derivados de petróleo que além de causarem prejuízos ambientais e
financeiros, causam comoção social
e atraem uma maior atenção como poluentes devido ao impacto de um derramamento de
petróleo ser visualmente muito aparente.
Tal
poluição representa um risco significativo para a vida aquática e para os
ambientes costeiros (praias e costões rochosos) onde derramamentos ocorrem
mais frequentemente, em regiões próximas a campos produtores de petróleo, ao
longo das principais rotas de petroleiros e perto das principais instalações de
manuseio de petróleo (portos e refinarias).
A crescente dependência por
petróleo e seu uso desenfreado nos últimos anos faz com que cada ano o volume
de petróleo produzido no mundo aumente cada vez mais. Devido a todo esse
consumo desenfreado e a logística envolvendo toda a cadeia produtiva do petróleo,
o risco de vazamentos só aumenta. As atividades decorrentes da indústria do petróleo envolvem as etapas de exploração, perfuração, produção, transporte, refino e distribuição, todas essas etapas possuem potencial de causar uma série de impactos ao meio ambiente.
Derramamento de óleo na costa da Tailândia |
Poluição marinha é definida pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental como a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias no meio marinho, resultando em efeitos deletérios, como danos aos recursos resultando em perigos para a saúde humana; entrave às atividades marítimas, incluindo a pesca; comprometimento da qualidade da água do mar.
O número de poluentes que entram no mar é muito grande, centenas de novos produtos químicos são produzidos anualmente, sem o seu real nível de toxicidade para o ambiente. Alguns poluentes introduzidos irão se decompor ao longo do tempo, outros são recalcitrantes (compostos altamente estáveis e que persistem no ambiente, resistindo à degradação química e fotolítica) e ainda alguns terão seus efeitos atenuados pelo grande volume de água dos oceanos. A toxicidade da contaminação por hidrocarboneto de petróleo é dependente do tempo e da quantidade de produto derramado do vazamento.
Depois de um derramamento de óleo, uma grande variedade de processos químicos, físicos e biológicos começam a agir sobre o óleo. As mudanças físicas e químicas são chamadas de intemperismo e agem modificando a composição, comportamento, rotas de exposição e toxicidade do óleo. Os processos dominantes que influenciam o comportamento do óleo derramado são espalhamento, advecção, evaporação, dissolução, dispersão natural, emulsificação, foto-oxidação, sedimentação e biodegradação.
A Figura abaixo representa um esquema dos principais processos de intemperismo.
Principais processos de Intemperismo no mar |
Ave coberta de óleo limitando trocas gasosas |
O óleo pode causar vários efeitos crônicos sobre espécies de coluna de água. Estes efeitos incluem a interrupção neurossensorial, anormalidades comportamentais e a fertilidade reduzida. O petróleo derramado na superfície da água também limita a troca de oxigênio, pois, ele impregna-se nas brânquias de peixes e nas penas das aves, causando lesões patológicas em superfícies respiratórias, causando danos e mortes a estes.
Para os organismos bentônicos, o óleo pode afetar a colonização de invertebrados resultando em
vários efeitos letais e subletais devido à acumulação deste no sedimento. A
recuperação completa das comunidades bentônicas pode levar anos, gerando
organismos tolerantes aos efeitos da poluição.
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