quarta-feira, 29 de julho de 2015

Infecção por HPV e o risco de câncer

As chances de você ter sido exposto ao vírus do papiloma humano (HPV) e não sabe, são imensas. Na verdade, a maioria dos adultos que são sexualmente ativos já foram expostos ao HPV em algum momento da vida. Estima-se que mais de 75% da população mundial em idade reprodutiva foi infectada com um ou mais tipos de HPV genital e até 5,5 milhões de novas infecções ocorrem em cada ano. A frequência da infecção está relacionada com a quantidade de parceiros sexuais e com a ausência de métodos de prevenção, no caso, o uso da camisinhaImportante salientar que o uso do preservativo ajuda, mas não previne totalmente a transmissão do HPV.
Papillomavírus
Os vírus HPV são chamados de papillomavírus humano porque eles tendem a causar verrugas ou papilomas em peles e mucosas. Estas verrugas podem aparecer nas mãos e pés, ou sobre a área genital. As estirpes de HPV que causam verrugas que crescem nas mãos e nos pés, no entanto, raramente são do mesmo tipo que causa verrugas na área genital. E, nem todos os vírus causam verrugas. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV. Cerca de 40 tipos são transmitidos através do contato sexual e apenas uma pequena parte destes estão associadas com o câncer cervical. 
A boa notícia: na grande maioria dos casos, o vírus não causa sintomas ou problemas de saúde. A má notícia: isso faz com que quase todos os casos de câncer cervical sejam devido ao HPV.
A maioria das infecções por HPV regride espontaneamente e não causa sintomas. Contudo, em alguns casos, a infecção persiste devido a baixa imunidade da pessoa e também a tipos específicos de HPV (mais frequentemente, os tipos 16 e 18, tipos oncogênicos) podendo ocasionar lesões pré-cancerosas. Se tais lesões não forem tratadas podem evoluir para o câncer cervical. A preocupação das mulheres que recebem o diagnóstico da infecção por HPV é se existe cura ou não para o vírus. Até pouco tempo se acreditava que não havia cura para a infecção, hoje sabe-se que grande parte das lesões evoluirá para a cura. Na verdade, só em torno de 10% das pessoas infectadas desenvolverão lesões mínimas no colo do útero e um número muito menor, lesões mais graves. 
Em muitos aspectos, as questões levantadas pela infecção por HPV são semelhantes da infecção por herpes genital. Ambos os vírus podem causar problemas médicos em algumas mulheres e ambos se tornaram comuns na população. Ao contrário do herpes, entretanto, o HPV causa câncer em uma pequena porcentagem de homens e mulheres. Além do câncer do colo do útero, o HPV também pode causar câncer de vulva, pênis, cabeça, boca, pescoço e do ânus, mas esses diagnósticos são mais raros.
Se as verrugas genitais aparecem, é uma indicação de infecção pelo HPV. As verrugas genitais podem assumir muitas aparências. Elas podem ser pequenas, grandes, elevadas, lisas, cor de rosa ou cor de carne, podem ainda ter a forma de couve-flor. Às vezes há uma única verruga; outras vezes várias verrugas aparecem. Locais mais comuns acometidos: ânus, colo do útero, virilha, coxa ou pênis.
Lesões de HPV na boca e nos órgãos genitais
Estudos em revistas especializadas mostram que 99% das mulheres que têm câncer de colo uterino foram antes infectadas por estes vírus. No colo uterino, podem ocasionar lesões que se não tratadas, têm potencial de progressão para o câncer. Sem dúvida, o melhor a se fazer em mulheres sexualmente ativas é procurar um médico e fazer o exame preventivo (Papanicolau) anualmente, pois, é através deste exame que se detecta as lesões precursoras do Câncer de colo de útero. Quando essas alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas é possível prevenir a doença em 100% dos casos. O exame Papanicolau continua a ser uma opção de triagem recomendado para a detecção de anormalidades celulares que podem se transformar em câncer cervical.
A prevenção e o controle do câncer do colo de útero é constituído por diversos componentes-chave que variam desde educação da comunidade, mobilização social, vacinação, exame preventivo, tratamento e cuidados paliativos. Vacinação contra o HPV não substitui o rastreio do câncer cervical. Recentemente, foi lançada uma vacina que previne a infecção pelo HPV, esta vacina protege contra os subtipos 16 e 18 de alto risco para o câncer do colo do útero e contra os subtipos 6 e 11 responsáveis pelo aparecimento das verrugas conhecidas popularmente como cristas-de-galo, nos genitais masculinos e femininos.
A prevenção é sempre o melhor caminho para evitar doenças, além da prevenção, fortalecer o sistema imunológico através da prática de esportes e uma boa alimentação, manter uma higiene adequada, possuir hábitos saudáveis e realizar exames preventivos são atitudes essenciais para manter à distância microrganismos indesejáveis que possam afetar a saúde de homens e mulheres.


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Os derramamentos de petróleo - a ameaça para o meio ambiente

Os seres humanos transformam os ambientes marinhos afetando os organismos e o ecossistema em muitas maneiras. O mar é considerado como um local conveniente de despejo e vários poluentes são liberados no meio marinho através de emissários domésticos/industriais. Um dos graves problemas de poluição aquática, são os despejos de derivados de petróleo que além de causarem prejuízos ambientais e financeiros, causam comoção social e atraem uma maior atenção como poluentes devido ao impacto de um derramamento de petróleo ser visualmente muito aparente.
Tal poluição representa um risco significativo para a vida aquática e para os ambientes costeiros (praias e costões rochosos) onde derramamentos ocorrem mais frequentemente, em regiões próximas a campos produtores de petróleo, ao longo das principais rotas de petroleiros e perto das principais instalações de manuseio de petróleo (portos e refinarias).
A crescente dependência por petróleo e seu uso desenfreado nos últimos anos faz com que cada ano o volume de petróleo produzido no mundo aumente cada vez mais. Devido a todo esse consumo desenfreado e a logística envolvendo toda a cadeia produtiva do petróleo, o risco de vazamentos só aumenta. As atividades decorrentes da indústria do petróleo envolvem as etapas de exploração, perfuração, produção, transporte, refino e distribuição, todas essas etapas possuem potencial de causar uma série de impactos ao meio ambiente.
Derramamento de óleo na costa da Tailândia

Poluição marinha é definida pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental como a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias no meio marinho, resultando em efeitos deletérios, como danos aos recursos resultando em perigos para a saúde humana; entrave às atividades marítimas, incluindo a pesca; comprometimento da qualidade da água do mar.
O número de poluentes que entram no mar é muito grande, centenas de novos produtos químicos são produzidos anualmente, sem o seu real nível de toxicidade para o ambiente. Alguns poluentes introduzidos irão se decompor ao longo do tempo, outros são recalcitrantes (compostos altamente estáveis e que persistem no ambiente, resistindo à degradação química e fotolítica) e ainda alguns terão seus efeitos atenuados pelo grande volume de água dos oceanosA toxicidade da contaminação por hidrocarboneto de petróleo é  dependente do tempo e da quantidade de produto derramado do vazamento.
Depois de um derramamento de óleo, uma grande variedade de processos químicos, físicos e biológicos começam a agir sobre o óleo. As mudanças físicas e químicas são chamadas de intemperismo e agem modificando a composição, comportamento, rotas de exposição e toxicidade do óleo. Os processos dominantes que influenciam o comportamento do óleo derramado são espalhamento, advecção, evaporação, dissolução, dispersão natural, emulsificação, foto-oxidação, sedimentação e biodegradação. 
A Figura abaixo representa um esquema dos principais processos de intemperismo.
Principais processos de Intemperismo no mar


Ave coberta de óleo limitando trocas gasosas
O óleo pode causar vários efeitos crônicos sobre espécies de coluna de água. Estes efeitos incluem a interrupção neurossensorial, anormalidades comportamentais e a fertilidade reduzida. O petróleo derramado na superfície da água também limita a troca de oxigênio, pois, ele impregna-se nas brânquias de peixes e nas penas das aves, causando lesões patológicas em superfícies respiratórias, causando danos e mortes a estes.
Para os organismos bentônicos, o óleo pode afetar a colonização de invertebrados resultando em vários efeitos letais e subletais devido à acumulação deste no sedimento. A recuperação completa das comunidades bentônicas pode levar anos, gerando organismos tolerantes aos efeitos da poluição.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Doenças de Veiculação Hídrica (Parte II)

São muitas as doenças vinculadas à falta de saneamento básico. Elas interferem na qualidade de vida da população e até mesmo no desenvolvimento do país. A maioria dessas doenças é de fácil prevenção, mas causam muitas mortes, como o caso da diarreia entre crianças menores de 5 anos no Brasil.
Algas são seres fundamentais para a manutenção de vida no Oceano, pois, realizam fotossíntese e elimina o O2 que será utilizado para todos os animais aeróbios, mas algumas espécies produzem toxinas que podem levar o indivíduo a morte. Algas azuis-esverdeadas, ou cianobactérias, são organismos procariotos pertencem ao Reino Monera por não possuírem um núcleo organizado ao contrário das algas verdes. As cianobactérias podem ocorrer como organismos unicelulares, coloniais ou filamentosas. Ocorrem comumente em todas as águas naturais e desempenham um importante papel na cadeia alimentar. No entanto, algumas espécies de cianobactérias, tais como Microcystis, Aphanizomenon e Anabaena, produzem toxinas capazes de causar doenças em seres humanos e animais. Estas toxinas podem causar gastroenterite, distúrbios neurológicos, renais no fígado e possivelmente câncer. Neste caso, a doença é causada pela ingestão da toxina produzida pelos organismos, em vez da ingestão do próprio organismo. Numerosos casos de gado, animais de estimação e envenenamentos de animais selvagens pela ingestão de água com toxina produzidas pelas cianobactérias têm sido relatados. Florações de cianobactérias podem ocorrer em águas superficiais quando nutrientes suficientes estão disponíveis, resultado da contaminação por esgoto “in natura” e uso indiscriminado de fertilizantes em corpos hídricos.
Protozoários são seres unicelulares que podem viver isolados ou formar colônias, alguns são de vida livre ou podem estar associados a um hospedeiro. Os protozoários parasitas que vivem no trato gastrointestinal são capazes de produzir cistos altamente resistentes ou oocistos. Estes oocistos têm paredes muito grossas, o que os torna muito resistentes a desinfecção. Várias espécies de protozoários intestinais foram identificadas, com diferentes graus de patogenicidade. A virulência varia de elevada, como ocorre com o Cryptosporidium sp, associado a grande número de infecções sintomáticas, a intermediária, causada pela Giardia lamblia, e inexistente observada pela ausência de patogenicidade de algumas cepas da Entamoeba histolytica.
Cryptosporidium, um protozoário entérico descrito pela primeira vez em 1907, tem sido reconhecida como uma causa de doenças entéricas em humanos desde 1980. Cryptosporidium parvum é uma espécie responsável por infecção em seres humanos e animais domesticados. A prevalência de infecção por Cryptosporidium é largamente atribuível ao seu ciclo de vida, pois, é liberado para o meio ambiente juntamente com as fezes do indivíduo parasitado uma forma bastante resistente: o oocisto. Os oocistos são formas esféricas de Cryptosporidium com tamanho de 3-6 µm de diâmetro. Após a ingestão, os oocistos sofrem excistação, libertando uma forma chamada de esporozoíto, que, em seguida, iniciam a infecção intracelular no interior das células epiteliais do trato gastrointestinal. Uma vez no trato gastrointestinal, Cryptosporidium em seres humanos provoca Criptosporidiose, caracterizado por diarreia aquosa profunda, o que pode resultar em as perdas de fluido em média de 3 ou mais litros por dia. Outros sintomas da criptosporidiose podem incluir dor abdominal, náuseas, vômitos e febre. Estes sintomas, que normalmente aparecem em cerca de três a seis dias após a exposição, pode ser grave suficiente para causar a morte.
Oocisto de Cryptosporidium
A giardíase é particularmente uma doença grave causada pelo protozoário Giardia lamblia, cujos sintomas agudos incluem diarréia aquosa e gordurosa, flatulência, vômitos excessivos e perda de peso rápido. Na maioria das pessoas estes sintomas duram de uma a quatro semanas, mas há conhecimento de casos que duraram de três a quatro dias ou que permaneceram por vários meses.
Cisto e Trofozoíto de Giardia

Os humanos são infectados com G. lamblia, pela ingestão do cisto ambientalmente resistente. Uma vez ingerido, este passa através do estômago e atinge a parte superior do intestino. O aumento da acidez pela passagem através do estômago estimula o cisto a eclodir liberando trofozoítos na parte superior do intestino. Acredita-se que os trofozoítos usam seus discos de sucção para aderir às células epiteliais. 


Além dos protozoários unicelulares, os helmintos são capazes de parasitar humanos. Estes incluem os Nematoda (lombrigas) e os Platyhelminthes, que são divididos em dois subgrupos: a Classe Cestoda e a Classe Trematoda. Helmintos (literalmente "vermes") são animais multicelulares que parasitam seres humanos e diversos animais como gado, porco, caprinos. Estes organismos geralmente possuem um hospedeiro intermediário e um final. Uma vez que estes parasitas entram, no seu hospedeiro humano final, eles põem ovos que são excretados nas fezes de pessoas infectadas e disseminada por água residuária, solo ou alimentos. Estes ovos são muito resistentes a estresses ambientais e de desinfecção.
A teníase é uma doença causada pela forma adulta das tênias, Taenia solium possui como hospedeiro intermediário o porco e Taenia saginata, o boi. As tênias também são chamadas de "solitárias", porque, na maioria dos casos, o portador traz apenas um verme adulto. A cisticercose também é uma doença provocada por esses parasitos, porém, ao contrário da teníase, que é causada pelos vermes adultos da T. solium ou T. saginata, a cisticercose é uma doença causada somente pela larva (cisticerco) da Taenia solium. As tênias são grandes vermes de corpo achatado que podem alcançar vários metros de comprimentos. A Taenia saginata é um verme maior, podendo chegar até a 25 metros de comprimento, apesar da média ser 5 metros. Já a Taenia solium costuma medir entre 2 a 7 metros.
Tênia adulta
As parasitoses, em geral, são transmitidas por contato direto fecal-oral ou contaminação de alimentos e água em ambientes com condições sanitárias inadequadas. Aqui no Brasil, muitas residências não têm acesso à rede de esgoto. A população de baixa renda, sem dúvida é a maior prejudicada, pois, reside em ambientes de alta contaminação, com aglomeração intensa de pessoas, sem acesso à saneamento e coleta do lixo.