Centenas de milhões de anos foram
necessários para produzir a vida que habita na Terra, algumas vidas foram
extintas, outras se desenvolveram, evoluíram, se estendendo por todos os
continentes até que alcançassem um estado de equilíbrio com o meio ambiente.
O homem, porém, é o
único ser capaz de destruir, ás vezes, de modo irremediável o meio ambiente. Como pode a raça
humana, seres inteligentes produzirem
substâncias, venenos tão potentes capazes de não só matar “pragas”, mas,
contaminar tudo à sua volta e
causar a morte da sua própria espécie.
Milhares de substâncias químicas são sintetizadas todos os anos em
laboratórios e liberadas no ambiente, os animais e as plantas e nós seres
humanos entramos em contato com elas e ninguém
sabe os efeitos a longo prazo.
Quando tais compostos químicos foram
produzidos com o intuito de matar “pragas” de lavoura, não esperavam que ali
naquele ecossistema a teoria de Darwin relativo à sobrevivência dos mais fortes pudesse conferir às pragas maior resistência ao “veneno”, resultando na necessidade de sintetizar substâncias químicas ainda
mais potentes e até mesmo, letais. A aniquilação de pragas com pesticidas trouxe ao meio
ambiente um dano imprevisível, pois, tais
compostos podem se acumular nos tecidos dos animais, uma vez que a maioria é lipossolúvel, ou seja,
possuem afinidade com o tecido adiposo e possuem a propriedade de se acumularem
ao longo da cadeia alimentar prejudicando todos os animais sobretudo, os
predadores do topo da cadeia.
Chamamos de poluentes orgânicos
persistentes (POPs) as substâncias químicas orgânicas resistentes à degradação
biológica, apresentando efeitos cumulativos e deletérios ao meio ambiente. Os
POPs mais conhecidos são os pesticidas do grupo dos organoclorados,
destacando-se o dicloro-difenil-tricloroetano (DDT), considerado uma das
substâncias sintéticas mais utilizadas e estudadas durante o século XX. As
propriedades inseticidas do DDT foram descobertas em 1939, quando passou a ser
adotado no combate à malária. Também foi utilizado na Segunda Guerra Mundial
para a prevenção de tifo em soldados; além de fazer parte do controle de outras
doenças tropicais, como a leishmaniose visceral.
Em função de sua grande eficiência e
baixo custo, em meados da década de 1940 o DDT passou a ser largamente
utilizado na agricultura e na pecuária, combatendo pragas que prejudicavam a
produção. Só os Estados Unidos produziram mais de 80 mil toneladas/ano de DDT
no início dos anos 1960, até que surgiram, nessa mesma década, os primeiros
indícios de que se tratava de um grave poluente! A primeira manifestação
contra o uso indiscriminado do DDT foi em 1962, com o célebre livro Primavera
silenciosa, de Rachel Carson. A autora sugeriu que esse poluente seria a
principal causa da redução populacional de diversas aves, muitas delas de topo
de cadeia, como a águia-calva (símbolo dos EUA) e o falcão-peregrino.
Mais tarde, atribuiu-se ao DDT graves
efeitos sobre o homem e vários outros animais, como: câncer (fígado, pâncreas),
lesões renais, supressão imunológica, deficiência reprodutiva, atuação sobre o
sistema nervoso central, provocando alterações de comportamento, distúrbios
sensoriais, convulsões, risco de Alzheimer, paralisia e até mesmo a morte
dependendo da dose e do tempo de exposição. Além disso, as substâncias nocivas têm a possibilidade
de serem transmitidas pelo aleitamento materno, podendo comprometer diretamente
as condições de saúde da geração seguinte, mesmo que o contato mais direto com
o agrotóxico deixe de existir.
Além da acumulação nos tecidos, os POPs
são transportados através de correntes atmosféricas e oceânicas por longas
distâncias, podendo atuar bem longe de sua fonte. Resíduos de DDT e outros
organoclorados são encontrados nas regiões mais remotas da Terra, como em altas
altitudes nos Andes ou mesmo nos pólos.
O DDT foi banido na década de
1970 dos Estados Unidos e no Brasil, só em 2009 o DDT teve sua fabricação,
importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso proibidos.
Muitos trabalhadores rurais foram
expostos ao DDT sem nenhum equipamento de proteção durante a década de 90, hoje
já doentes lutam na justiça para serem indenizados. Muitos infelizmente, não
estarão presentes quando sair a indenização, é triste aqui é Brasil, a justiça
tarda e às vezes falha.
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